IMAGENS DA MULHER NO OCIDENTE MODERNO

AULA 03 – MARIA UMA SOCIOGÊNESE DA IDEALIZAÇÃO DA MULHER

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Neste curso, iremos nos concentrar na remontagem da imagem de Maria. Conhecida por um nome e representada de mil maneiras: de Virgem a Negra. Impressionantemente flexível, mas coerente na proposta de representar o ideal de uma imaculada bondade, a Virgem é ao mesmo tempo única e mediadora de todos, incorporando e atuando nos mais diversos conflitos de ordem religiosa, moral e econômica.

Atende aos anseios de legitimação e poder da Igreja, mas também é a imagem escolhida pelos mendicantes como bandeira da reforma interna da Igreja. Nas Américas se torna Negra e funciona como uma mediação afetiva para dulcificar os ânimos, auxiliando a colonização e o contato entre o Novo e o Velho Mundo. É, em contrapartida, a grande a vilã dos protestantes e de certa forma das mulheres casadas e das prostitutas.

Mas, apesar de tantos embates, mudanças iconográficas e pathos morais, algo se processa: sua humanização _ ainda que incompleta. Seu limite estava demarcado na ausência de sua sexualidade. Apresento nesse sentido sua difícil aderência para mulheres que “perderam o selo virginal” (as casadas e as prostitutas). Uma pedagogia visual moral que concorria com as imagens pornográficas que circularam intensamente, como se verá.

Disputas que não impedem que Maria seja a imagem mais bem-sucedida e popular criada pela religião ocidental. Ainda que não possa ser, como Deus foi para o homem, a imagem da mulher.