A mais humana das santas, Maria Madalena. Carnal, pecadora. Ela forja-se em uma direção improvável para a Virgem, inaugurando uma pedagogia da salvação às avessas: do pecado à santificação.
O que implicava submeter-se a uma eterna expiação e penitência, negando o seu ser no mundo. Um autoabandono. Sinônimo do arrependimento, Madalena foi a imagem preferida pelos mendicantes. Chegando a ser, durante a Reforma e a Contrarreforma, a imagem que concorre com a da Virgem, ocupando o centro da Cruz _ mesmo que aos pés dela.
Madalena é um sintoma de uma mudança de mentalidade em curso na direção da humanização e desencantamento do mundo. Um curso que trata, nesse sentido, de distintas modernidades dentro da modernidade, seguindo os passos da imagem. Ao fim, iremos analisar as apropriações dessas imagens na arte moderna e contemporânea especialmente nos trabalhos de Manet, Cézanne, Picasso, René Magritte e Cindy Sherman.