TRILOGIA

IMAGENS DA MULHER NO OCIDENTE MODERNO

 

A imagem da mulher, da Idade Média aos dias atuais. Na palestra a socióloga remonta a construção das imagens das Bruxas e das Tupinambás Canibais; Maria e Maria Madalena e das Stars de Hollywood.

 

 

Resultado de uma pesquisa que durou oito anos e que evolveu diversas viagens, a pesquisa é considerada inédita no país e fora dele não só pelo longo período, mas pela abordagem.

 

A obra é guiada por um neologismo: o individumanismo. Um processo que se dá em razão das disputas por reconhecimento que conduzem a uma crescente humanização e individualização da mulher ao longo do tempo. Em outras palavras, como elas passam de uma personagem a uma pessoa. Um percurso cheio de percalços e nada previsível.

 

 

A socióloga chega a conclusões pouco comuns em livros que tratam do tema. Diz que as mulheres sempre tiveram poder sobre suas imagens mesmo sem as produzir, negociando-as, usando as imagens ao seu favor e invertendo os jogos de poder. Por isso, mais do que uma misoginia a pesquisa revela que a mulher despertou sentimentos contraditórios, ambíguos, sendo chamada pela autora de “marginal atrativa”. Por isso, engana-se o leitor que pensa ser esta uma remontagem mecânica da história da mulher por meio de imagens.  Como antecipa a historiadora e antropóloga Lilia Schawrcz “o conjunto é robusto, inesperado e convence”.

 

BRUXAS E TUPINAMBÁS CANIBAIS

Elas atormentaram os homens durante a Idade Média e desafiaram a autoridade da Igreja Católica. Bruxas e Tupinambás Canibais. Xilogravuras circulam em toda a Europa alertando para os perigos dessas mulheres nuas, ativas sexualmente, com poderes sobre a vida e a morte e, depois da descoberta da América, acreditem…canibais. Imagens que se encontram e se contaminam mutuamente nos séculos XV e XVI, produzindo consequências reais na vida das mulheres, perseguidas e assassinadas em um dos Holocaustos mais dramáticos da História. Mas engana-se o leitor serem elas vítimas passivas, longe disso. Nesse primeiro livro da coleção a socióloga Isabelle Anchieta remonta a sociogênese desses estereótipos que criam uma imagem sobre-subumana e ambígua da mulher.

 


 

MARIA E MARIA MADALENA

Conhecida por um nome, mas representada de mil maneiras: virgem, imperial, negra, humilde. O segundo livro da coleção apresenta a sociogênese da mais bem-sucedida imagem da religião ocidental: Maria. Aos poucos ela desce do trono celeste e humaniza-se, seguindo os passos da Reforma Franciscana. Mas até um limite inegociável: a sua sexualidade. Momento em que emerge a imagem da carnal Madalena, aquela que estava maculada pelo pecado e precisava encontrar um novo caminho de arrependimento e expiação, assim como a Igreja Católica no período das Reformas. Maria e Maria Madalena remontam visualmente a ascensão e a queda da moralidade cristã na passagem da Idade Média para a Moderna. Da santa, à uma mulher encarnada.

 


 

STARS DE HOLLYWOOD

Elas trabalham, dirigem, fumam, abordam o parceiro sexual, e criam suas próprias regras, alheias à moral tradicional. Imagens que pela primeira vez na História valorizam a transgressão feminina. As Stars de Hollywood. Mulheres com rostos, personalidades e comportamentos fora do comum. Imagens que são sobretudo sintoma de um novo sistema de relações centrado no indivíduo e amalgamado por realidade e fantasia; pelo público e pelo privado. Nesse terceiro e último livro da coleção a socióloga Isabelle Anchieta analisa 19 Stars para entender como se dá o processo de individualização social da mulher. Imagens que não só são, mas ajudam a criar a própria ideia da modernidade.